Na fronteira entre a arte urbana, a arte
da performance e as artes visuais


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O Desvio Coletivo é uma rede de criadores que atua na fronteira entre a arte urbana, a arte da performance e as artes visuais. Por meio de intervenções artísticas em diferentes espaços, desenvolve ações que geram ilhas de desordem efêmera de natureza poética e crítica. São artistas do coletivo Leandro Brasilio, Marcos Bulhões e Priscilla Toscano. Fundado em 2011, a pesquisa do grupo leva em consideração a criação colaborativa, subvertendo as funções hierárquicas de uma criação artística, cedendo espaço para que o cidadão comum se torne o protagonista das obras inserindo questões intrínsecas à sua experiência de vida.  Dessa maneira, abre-se a real possibilidade de interação com o imaginário da cidade, vez que as obras surgem a partir de experiências de artistas e não-artistas na cidade, sem o tradicional distanciamento entre obra e vida, artista e público. Tudo é arte na e para a cidade. 

 

 

O Fogão, é uma performance artística que aborda criticamente os papéis de gênero e a sobrecarga imposta às mulheres pelo sistema patriarcal. A obra nasce de uma memória pessoal da artista Priscilla Toscano, relacionada ao dia da morte de seu pai, quando sua mãe afirmou que iria "passar uma corrente no fogão", simbolizando a perpetuação das responsabilidades domésticas mesmo em momentos de dor. Esse episódio serve como ponto de partida para uma reflexão sobre o cansaço coletivo das mulheres e a naturalização do dever de cuidado como destino biológico feminino.

A performance coloca uma mulher bem vestida, maquiada e aparentemente dócil, carregando um fogão nas costas no espaço urbano, contrastando a artificialidade da "mulher perfeita" com a realidade opressiva das expectativas sociais. A imagem questiona a invisibilidade do trabalho doméstico e as múltiplas jornadas impostas às mulheres, independentemente de raça, classe, idade ou identidade de gênero. Além disso, a obra explora as interseccionalidades de raça e classe, evidenciando como a figura da "rainha do lar" e da "empregada doméstica" são construções sociais carregadas de racismo e desigualdade.

Ao transportar o fogão — símbolo do espaço doméstico — para o espaço público, a performance transforma a rua em um palco de discussão sobre o peso das normas de gênero e a submissão feminina. A proposta artística busca desnaturalizar o "instinto maternal" e o "dever de cuidado", questionando por que essas responsabilidades são quase sempre atribuídas às mulheres. 

O Fogão é, portanto, uma crítica feminista contundente à estrutura patriarcal, convidando o público a refletir sobre as opressões cotidianas vividas por mulheres de diferentes contextos sociais.

 
 

Desde 2020, o coletivo tem se dedicado à criação de projetos artísticos engajados, que desvendam e confrontam as amarras impostas ao corpo feminino no espaço urbano — um território historicamente marcado por violências e controle patriarcal. Caminhar pela cidade, gesto aparentemente banal, torna-se, para as mulheres, um ato político de resistência: ocupar as ruas com liberdade é desafiar uma ordem social que as confina a espaços domesticados, sob o jugo permanente da vigilância e do assédio.

No cerne dessa discussão está a performance urbana MAMIL(a)S, que desnuda (literal e simbolicamente) as hierarquias de gênero inscritas no tecido das cidades. Por que o corpo masculino é lido como neutro, dono inconteste do asfalto, enquanto o corpo feminino é reduzido a um alvo, um objeto a ser regulado e sexualizado? A obra responde com um gesto radical: corpos cobertos por tecidos, que apagam marcas de gênero, revelam apenas os mamilos — partes íntimas paradoxalmente hiper visibilizadas no feminino e naturalizadas no masculino. Se todos têm mamilos, por que os das mulheres são criminalizados?

Ao apagar diferenças físicas, a performance expõe o absurdo da sexualização seletiva e questiona a falsa neutralidade das leis e normas urbanas. Enquanto homens circulam sem questionamentos, mulheres são diariamente julgadas por como vestem, andam ou ocupam lugares. A pergunta "Todos somos iguais perante a lei?" ecoa como ironia em um mundo onde a igualdade formal esconde a misoginia estrutural. O projeto não apenas denuncia, mas reinventa: ao mascarar gêneros, sugere um urbanismo possível onde corpos não são catalogados, controlados ou ameaçados.

MAMIL(a)S é, assim, um manifesto sobre o direito à cidade — e ao próprio corpo — escrito com pele, movimento e rebeldia. Uma interrogação ambulante: até quando a presença feminina no espaço público será tratada como transgressão, e não como potência?

O projeto foi realizado pela primeira vez na cidade de São Paulo, Brasil, no ano de 2022. 

LINKS

https://www.meer.com/en/68267-mamil-a-s-desvio-coletivo-new-performance
https://www.meer.com/pt/67592-mamil-a-s-desvio-coletivo-prepara-nova-performance 

 
 

CEGOS é uma intervenção urbana cuja proposta visual é criticar a condição massacrante característica do trabalho corporativo iconizado nos trajes sociais que homens e mulheres das grandes metrópoles utilizam como armadura cotidiana.  O trabalho é realizado a partir de um workshop, convidando participantes na cidade onde será apresentado, oportunidade em que o coro performativo se forma e a performance ganha vida. Participou do Programa Palco Giratório do Sesc, circulando por quase todas as capitais de Estados brasileiros, além de ter sido contemplado pelo edital da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo, dentro do projeto “Cidades em Performance”, realizando apresentações em Paris, Amsterdam, Barcelona, Ilha da Madeira e Nova York.


Em 2015 a intervenção representou o Brasil na QUADRIENAL DE PRAGA, na República Tcheca, participou da VIRADA CULTURAL de São Paulo e do FESTIVAL INTERNACIONAL DE DANÇA DE LONDRINA, no Paraná. 

Em 2016 foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, na categoria Circulação. Realizou apresentações no CENA CONTEMPORÂNEA - FESTIVAL INTERNACINOAL DE TEATRO DE BRASÍLIA e FESTIVALE - FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DO VALE DO PARAÍBA; em parceria com a Escola de Artes Dramáticas da Universidade da Costa Rica e com o LAB Memoria de La Artes Escénicas, também foi apresentado na Costa Rica. 

Em 2017, CEGOS marca presença no IMAGINARIUS - FESTIVAL INTERNACINAL DE TEATRO DE RUA DE SANTA MARIA DA FEIRA, em Portugal, e na Suíça, em parceria com a Zurich University of the Arts, além de representar o Brasil no WORLD STAGE DESIGN, em Taipei, Taiwan, evento organizado pela OISTAT – Organização Internacional de Cenógrafos, Arquitetos de Teatro e Técnicos, que a cada 04 anos celebra o melhor do design de performance a nível global, apresentando um painel com produções artísticas desenvolvidas no mundo inteiro. Em sua primeira aparição no continente africano, CEGOS foi apresentando durante o MINDELACT - FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE MINDELO, em Cabo Verde, nesse mesmo ano.  

Em 2018, de volta à Ásia a performance representou o Brasil no ANSAN STREET ARTS FESTIVAL, na Coréia do Sul, sendo o primeiro grupo brasileiro a participar do festival em 13 anos de existência. Participou da programação oficial do FESTIVAL D’AURILLAC, na França, o maior festival de arte de rua da França e um dos maiores da Europa; foi apresentado no GEORGETOWN FESTIVAL, na Malásia, festival que celebra a inclusão da cidade de GeorgeTown como patrimônio mundial da UNESCO, internacionalmente conhecida por ser uma cidade da arte urbana.

Em 2019, CEGOS foi apresentado durante a 50ª edição do FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, em São Paulo, o festival de teatro mais antigo do Brasil, além de ter sido convidado a se apresentar no NUIT BLANCHE BRUSSELS, na Bélgica, evento que chamou atenção a relação entre o homem a natureza em meio as tensões climáticas que o mundo vem atravessando.

Concepção: Marcelo Denny e Marcos Bulhões Direção Artística: Marcos Bulhões e Priscilla Toscano Direção de Produção, Coordenação Técnica e Assessoria Jurídica: Leandro Brasilio Designer: Le Geek Creative Studio

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/12/1715678-imobilizados-e-em-silencio-estudantes-fazem-perfomance-na-av-paulista.shtml

https://emergemag.com.br/o-artivismo-acido-do-desvio-coletivo/

http://motin.org.br/noticias/qual-e-a-nossa-cegueira

https://www.metropoles.com/colunas-blogs/tipo-assim/enlameados-artistas-questionam-impeachment-na-praca-dos-tres-poderes

http://indieartmagazine.com/cegos-desvio-coletivo/

http://www.esquerdadiario.com.br/Entrevista-com-o-Desvio-Coletivo

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/10/sp-tem-cegos-na-avenida-paulista-e-festa-dos-mortos-no-memorial.html

https://www.raynauddelage.com/-/galleries/theatre-de-rue/festival-theatre-de-rue-aurillac-2018/desvio-coletivo

https://www.humanite.fr/theatre-de-rue-aurillac-2018-edition-classee-x-659548

http://www.wsd2017.com/scenofest/detail/?pid=358

http://hemisphericinstitute.org/excentrico/3218/desvio-coletivo/

http://www.uchile.cl/noticias/123933/performistas-critican-matrimonio-tradicional-frente-a-la-moneda

https://www.aprovincia.com.br/cultura-entretenimento/cultura/intervencao-cegos-estimula-reflexao-sobre-politica-e-modo-de-vida-contemporaneo-em-piracicaba-21308/

http://www.guiart.com.br/posts/performance-cegos-com-desvio-coletivo-sp/

http://www.corumba.ms.gov.br/noticias/palco-giratorio-do-sesc-inicia-turne-por-corumba-com-a-performance-cegos/16637/

https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/intervencao-urbana-reune-grupo-vendado-e-coberto-de-argila-no-centro-de-piracicaba.ghtml
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/09/sujos-de-argila-cegos-alertam-para-o-padrao-de-trabalho-brasileiro-no-es.html

http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2014/03/sujos-de-argila-cegos-fazem-critica-organizacoes-corporativas-em-natal.html

http://www.festivaldedancadelondrina.art.br/2015/cegos-desvio-coletivo

http://cultura.sc.usp.br/event/769/

https://allevents.in/zürich/cegos-blind-workshop-and-performance-zurich-swi/291926951219249

http://www.polemicaparaiba.com.br/tv-polemica/performance-cegos-desvio-coletivo/

http://www.sesc.com.br/portal/blog/premiosesc/post/cegos+pelas+ruas

https://www.campinas.com.br/cultura/2014/02/artistas-questionam-a-automatizacao-do-cotidiano-em-intervencao-no-centro-de-campinas/

https://vertentesdacritica.wordpress.com/2014/04/10/um-olhar-de-dentro-da-obra-cegos-intervencao-urbana/

https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2016/08/25/grupo-rasga-a-constituicao-em-protesto-silencioso-na-esplanada-dos-ministerios.htm

https://www.diariodoamapa.com.br/cadernos/nota-10/a-performance-cegos/

http://www2.ovale.com.br/2.624/performance-obras-cegos-nas-ruas-de-s-o-jose-1.711687

https://www.sescsp.org.br/online/artigo/9117_PERFORMANCE+COMO+LINGUAGEM

https://portal.uepg.br/noticias.php?id=10005

http://adufu.org.br/post/noticias/performance-cegos-em-uberlandia/

https://cultura.estadao.com.br/noticias/teatro-e-danca,adeus-palhacos-mortos-e-cegos-sao-selecionados-para-festival-em-taiwan,10000095956

 

Criada a partir da notícia de um caso de estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro, a ação buscou refletir o papel da mulher na sociedade contemporânea frente aos padrões impostos pelo patriarcado machista, branco e heterossexual. A vídeo performance foi filmada horário de pico na região central da cidade de São Paulo em maio de 2016.

Concepção: Desvio Coletivo Direção Artística: Marcos Bulhões e Priscilla Toscano Direção de Produção: Leandro Brasilio e Marie Auip (Sofá Amarelo | Produção e Arte) Direção de Vídeo: Viny Psoa Coordenação Técnica: Tiago Salis Produção Executiva: Fernanda Perez, Leandro Brasilio, Marie Auip, Priscilla Toscano, Rodrigo Severo e Tiago Salis Assessoria Jurídica: Leandro Brasilio Performers:  Fernanda Perez, Luanah Cruz, Marie Auip e Priscilla Toscano Pesquisa Acadêmica e Parceria Institucional:  Laboratório de Práticas Performativas da USP e Teatro da USP

 
 

Espetáculo de teatro performativo relacional que parte da narrativa de uma internação hospitalar para problematizar a vida e o enfrentamento de risco de morte, envolvendo a plateia em ambiências e jogos relacionais.

O espetáculo foi apresentado na Bienal Internacional de Teatro da USP do ano de 2012, cujo tema foi “Realidades Incendiárias”, cumprindo temporada de apresentações na Tenda Cultural Ortega y Gasset, na Universidade Estadual de São Paulo – UNES e no TUSP – Teatro da Universidade de São Paulo.

 

 
 

Intervenção urbana que transforma a rua no altar que celebra o amor em todas as suas possibilidades. Por meio do estranhamento poético e crítico da imagem clássica do casamento MATRIMÔNIOS convida o público a  celebrar o amor e o amar de todas, todes e todos sem distinção de qualquer natureza. 

Integrou a programação do X ENCUENTRO, evento promovido pelo Hemispheric Institute of Performance and Politics da New York University, cujo tema foi “eX-cêntrico —aquilo que se distancia, que encontra-se nas periferias do poder —como o local da identidade, da luta, da criatividade e do poder político”, realizado em Santiago, Chile, em julho de 2016, e da 17ª edição do FESTIVAL SATYRIANAS: PHEDRA DE TODAS AS CORES. 

Em 2018 foi apresentada durante a MOSTRA TEATRO DE SEGUNDA, evento promovido pelo Apê da Treze em parceria com o FESTIVAL DE CURITIBA, no Paraná.

FICHA TÉCNICA

Concepção: Desvio Coletivo Direção Artística: Marcos Bulhões e Priscilla Toscano

Direção de Produção, Coordenação Técnica e Assessoria Jurídica: Leandro Brasilio Designer: Le Geek Creative Studio

 
 

Intervenção cênica urbana criada em parceria com os alunos da ocupação estudantil da Escola Estadual Maria José, situada no bairro da Bela Vista /SP. INTERDITADOS foi uma resposta cênica performativa ao momento político e social vivido por estudantes secundaristas do Estado de São Paulo, que ocuparam os prédios de suas escolas em busca de melhorias ao Sistema Estadual de Ensino Público.

Concepção: Arianne Vitale, Marcelo Denny e Marcos Bulhões Direção de Produção: Leandro Brasilio e Marie Auip (Sofá Amarelo | Produção e Arte) Agradecimentos Especiais: Ocupação Estudantil da Escola Estadual Maria José e Adão Monteiro

 

 
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